Sunday, March 12, 2006

 

Comentário ao jogo do dia 5 de Março

Desculpem lá não ter feito logo o comentário ao jogo do dia 5 de Março, mas fiquei tão traumatizado por ter levado um golo do Ricardo "Bocas" que levei uma semana a recuperar.

Além disso ainda não sei os nomes do pessoal todo, o que também não ajuda.

Em relação ao dia 5 de Março, o jogo acabou empatado a oito, assim fomos todos para casa a pensar que "pelo menos não perdemos".

De realçar os seguintes factos em relação a esse dia:

1 - O desportivismo do Miguel Carneiro, que mudou para a equipa que estava perder para tentar equilibrar as coisas.

2 - Os 875673485636508762 remates que o Filipe (o que estava de t-shirt vermelha, acho que é este o nome dele) fez à baliza sem conseguir marcar um único golo.

3 - Os cinco ou seis golos marcados pelo Zé, que deve ter viciado a bola ou instalado nela algum chip computorizado, na medida em que esta batia sempre no poste antes de entrar.

4 - A participação do Ernesto Carneiro, facto que aumentou a média de idades do pessoal para quase 40 anos.

5 - E pronto, vá lá, o primeiro golo do Bocas desde que começou a jogar com os Mártires, ou se calhar em toda a sua vida futebolística :)

Neste momento não me ocorre mais nada; mais uma vez pedia ao pessoal todo que fosse fazendo comentários aos jogos para irmos acrescentando aqui no blogue ou, se não tiverem paciencia para se registarem, mandem-nos para mike_maia@hotmail.com que eu coloco-os logo aqui.

Wednesday, March 08, 2006

 

Comentários ao blogue!

Já que ninguém responde aqui no blogue, vou começar a copiar os comentários que recebo por mail e a colocá-los aqui.

Comentário de Miguel Carneiro, recebida terça-feira, dia 7 de Março:

"DELIREI COM O BLOG!!!!!!!!
TÁ DE MORRER A RIR, MAS SE ME PERMITES UMA CORRECÇÃO, EU NUNCA PESEI 120 KG, O MEU MÁXIMO FORAM 110 E, NESTE MOMENTO TENHO UNS SINGELOS 105!!!!
DESCULPA NAO TER IDO AO QUIZ (DE FUTEBOL) , MAS É MEIA NOITE E AINDA TOU A BULIR!!!
ABRAÇO E ATÉ DOMINGO "

Saturday, March 04, 2006

 

Maratona Nocturna de Futebol no Linhó

Já passou mais de uma semana desde que os Mártires da Bola participaram nesse grande evento que decorreu no Linhó, mas de certeza que ainda temos todos a memória bem viva dessa noite. As partes da minha memória que estão mais vivas são no joelho direito e na parte de baixo das costas. O Francisco Parreira, um dos Mártires, está em casa até hoje porque ainda não consegue andar... Quem disse que o futebol não dá saúde?...

Tudo começou na última sexta-feira de Fevereiro, à tarde, quando o Miguel Carneiro (quem mais poderia ser) passou por poster que tinha as palavras "Torneio de Futebol" e "Prémio de 1500 euros". Usando o seu aparentemente inesgotável saldo de telemóvel, de imediato ele pôs-se em acção ligando para toda a gente que conhecia e convencendo-nos, utilizando argumentos subtis, a vir jogar futebol contra equipas desconhecidas durante seis horas seguidas numa sexta-feira à noite depois de uma semana de trabalho:

--"Eh pá, vai ser muita louco, vai o pessoal todo, e temos uma equipa muita boa, ganhamos aquilo à vontade!"

--"Tás a gozar, isto é alguma partida de primeiro de Abril antecipada?"

--"Não tou nada, a sério, vai mesmo haver um torneio esta noite, ao pé da prisão do Linhó, entre a meia-noite e as 6 da mnhã e eu vou-nos inscrever e nós vamos lá ganhar aquilo!"

--"Mas..."

--"Mas nada, vai ser uma noite diferente, e eu confio de tal maneira em vocês que pago a inscrição, que são 200 €, só pelo prazer de irmos todos jogar. Como vocês jogam todos muito melhor do que eu, eu fico só a coordenar e a organizar tudo e se for preciso até nem jogo."

--"Ainda acho que estás a gozar comigo..."

--"Olha, mas se for verdade, e se eu vos inscrever, vocês vêm jogar?"

--"Ainda acho que estás a gozar comigo, mas, pronto, ok, se for verdade, eu jogo..."

E pronto, um a um, fomos todos apanhados e levados a ir até lá dar uma espreitadela, quanto mais não fosse, só para ver se era verdade ou não. Eu ainda disse que o meu carro estava avariado, mas o Carneiro não se descoseu, e respondeu prontamente:

--"Não há problema, vou-te buscar a casa, eu quero é que vocês venham todos participar."

À medida que a hora do jogo se ia aproximando, ia dando por mim a pensar coisas do tipo: "Está a chover torrencialmente, o jogo será indoor ou ao ar livre?" ou "Está um frio do caraças, vamos levar hora e meia só para aquecer" ou ainda "Onde fica o Linhó?".

Não sei porquê, imaginei na minha cabeça, um evento com uma componente social bastante alta, tipo torneio de golfe organizado por alguma revista de tias, frequentado por quarentões de barriga acompanhados pela família, onde nos intervalos entre os patés e os champanhes se daria uns toquezinhos numa bola para o fotógrafo registar o momento. Se era o Carneiro que estava a organizar, não haveria de ser nada muito mais pesado do que isto...

Quando chegamos ao local, a primeira certeza com que ficamos foi a seguinte: Eramos de longe a equipa com os gajos mais velhos e com as maiores barrigas!

Depois vimos o tal poster que o Carneiro tinha visto: de facto havia um prémio de 1500 euros para o vencedor, mas havia também árbitros federados (afinal isto era mesmo à séria!) e POLICIAMENTO durante os jogos!!! Afinal o ambiente não ia ser assim tão social quanto isso...

Muito pelo contrário, a primeira coisa que se teve de fazer foi assinar um termo de responsabilidade por eventuais actos de vandalismo cometidos pelos membros da equipa...

Ao menos os campos eram relvados e cobertos.

À medida que a noite ia avançando não pudemos de deixar de reparar noutras coisas:

1 - Todas as equipas tinham todos os jogadores com equipamento próprio (algumas das equipas tinham até todos os jogadores com o mesmo corte de cabelo e penteado...); nós andamos a noite toda a tentar que toda a gente da nossa equipa que estivesse em campo tivesse pelo menos as t-shirts duma cor vagamente parecida .

2 - Algumas das equipas tinham treinadores que lhes davam palestras tipo Mourinho nos balneários entre um jogo e outro; nós tinhamos a Sandra a tirar fotografias.

3 - Todas as equipas tinham dezenas, às vezes centenas de substitutos. Nós chegamos a pedir à Sandra que se equipasse e começasse a aquecer.

4 - Algumas das equipas tinham geleiras com tudo o que um atleta de alta competição pode precisar de comer ou beber durante quinze dias; nós tinhamos um garrafão de água e uns copos de plástico.

5 - Todas as equipas costumavam jogar futsal regularmente com a bola apropriada e sabiam as regras todas de cor e salteado; nós aqueciamos com uma bola de futebol de onze e interrompíamos os jogos a meio para esclarecer dúvidas acerca das regras com o árbitro.

6 - Nos intervalos entre um jogo e outro, algumas das equipas faziam jogos treino, aquecimentos coordenados, alongamentos, etc, etc.; nós estendiamo-nos todos estourados no chão ao comprido a congelar enquanto esperávamos o jogo seguinte.

7 - Todas as equipas sabiam exactamente contra quem iam jogar e os resultados que precisavam de obter para passar à fase seguinte; nós nem sequer sabíamos o nome da nossa equipa, em que grupo estavamos ou que horas eram.

E assim sucessivamente. É caso para dizer que as nossas hipóteses de ganhar os 1500 euros baixaram para menos de zero ainda antes do primeiro toque na bola.

Por incrivel que pareça, o nosso primeiro jogo foi contra aquela que devia ser a segunda pior equipa que por lá havia, e até conseguimos empatar, depois de termos estado a ganhar por dois a zero. A partir daí foi o descalabro completo.

Entre lesionados, cansados, congelados e esfomeados, perdemos os dois jogos seguintes por 11-2 (o árbitro só contou 10-2, deve ter-se distraído durante uns segundos...) e 5-2. Tendo em conta que os jogos estavam atrasados quase 2 horas, que já não tinhamos hipóteses nenhumas de passar à fase seguinte (ainda bem, porque senão teríamos de voltar no dia seguinte e jogar mais seis horas...) e que alguns de nós já pediam para serem alimentados a soro decidimos no final do terceiro jogo irmos embora. Nesta altura deveriam ser quase umas cinco da manhã.

Mandamos o Carneiro interromper as promessas de leite com chocolate e torradas que teve a noite toda a dizer à Sandra que ia fazer quando chegasse a casa (como forma de agradecimento por ela estar ali a congelar e a tirar fotografias) e avisar o organização que íamos embora; talvez tivessem pena de nós e nos devolvessem parte do valor da inscrição...

Quando já estávamos à porta e nas despedidas uma das equipas do nosso grupo veio ter connosco e pediu-nos por favor para não irmos embora! Não porque nos quisessem ver em acção ou porque gostassem muito de nós como seres humanos mas sim "porque precisavam de nos dar uma cabazada para terem melhor goal-average e assim conseguirem passar à fase seguinte."

Lá nos levantamos das cadeiras de rodas, pousamos as muletas e os soros e arrastamo-nos de volta para o campo; para não congelarmos mais duas horas à espera da nossa vez o organizador e o árbitro fizeram o "especial favor" de permitir que jogassemos imediatamente a seguir. Jogar é como quem diz... estarmos lá nós ou uns bidons era quase a mesma coisa. Mesmo assim vendemos cara a derrota: "só" perdemos por 7-2; esperamos sinceramente que estes golos tenham sido úteis à equipa em causa e que tenha conseguido passar à fase seguinte.

Antes que nos "pedissem delicadamente" para participar no quinto jogo, fugimos todos dali e viemos para casa fazer leite com chocolate e torradas com manteiga.

No dia seguinte tivemos (falo por mim) de pedir ajuda para conseguirmos sair da cama.

Nunca mais na vida hei-de criticar o Figo ou o Rui Costa por, aos trinta e tal anos, parecerem um bocadinhos mais cansados e lentos que o resto do pessoal...

 

Quem somos e porque o fazemos

Como o nome indica, os mártires da bola são um grupo de trintões de barriga que se junta aos domingos para correr atrás duma bola de futebol (que é uma coisa bastante diferente de saber jogar alguma coisa).

Tudo começou quando a Sandra, que é a mulher do Carneiro, um dia assustou-se ao reparar que o seu homem estava quase com 120 quilos. Enquanto ele tantava em vão levantar a pança da cama, decorreu a seguinte conversa:

-- "Ouve lá, todos os trintões jogam futebol com os amigos para perder a barriga; vê lá se começas a ligar para o pessoal que não vês desde os tempos da escola e organizas uns jogos"

-- "Mas nenhum de nós sabe jogar à bola!"

-- "Isso não interessa, também ninguém há-de ir assistir."

-- "Mas eu nunca joguei futebol na vida, eles não vão querer jogar comigo."

-- "Não faz mal, dizes que jogas à baliza, nunca ninguém quer ir de qualquer maneira."

-- "Mas eu não tenho luvas de guarda-redes."

--"Não faz mal, vais à Sport Zone, compras as piores que lá houver e quando elas se estragarem, vais lá e trocas por outras porque elas têm uma garantia de um ano."

Isto no ano 2005. Vários meses depois, incrivelmente, ainda estamos todos vivos e sem operações aos joelhos ou costelas partidas. Por estranho que pareça, as barrigas também continuam iguais ou maiores ainda.

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